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Artigo: Fraudes em tempos de pandemia

Incertezas. Este é um sentimento que predomina atualmente; seja no âmbito do mercado financeiro, comércio, consumidores, mas principalmente, no âmbito humano.

Alguns evitam a todo custo, porque afinal “não seria tão grave assim”, mas este é um pensamento que vem perdendo o número de adeptos. A preocupação em tempos de coronavírus tem se alastrado, e a incerteza predomina. Empregos, salários, hospitais, avanço da doença, pânico e isolamento…

Em meio a tudo isso, perguntas e mais perguntas são geradas. E a busca por informações cresce tanto quanto elas. É nesse momento de incerteza dominante em que nos encontramos mais vulneráveis. O excesso da informação, e ao mesmo tempo a dúvida sobre ela, acaba levando os usuários a buscarem e acreditarem em fontes diversas.

Somando-se a isso, por conta das restrições e recomendações de isolamento social, as compras por e-commerce consequentemente aumentaram. Até o dia 18/03 foi constatado um aumento de 30,5% no volume de pedidos online na comparação com o mesmo período do ano passado. Órgãos de segurança de todo o mundo tem alertado à população, mas os golpes no âmbito digital têm aumentado a cada dia mais devido aos fatores citados. O que hoje é uma questão de sobrevivência e necessidade comum, alguns veem como oportunidade.

Um exemplo claro, vimos na semana passada, de forma nacional, quando o General Augusto Heleno, por um descuido, publicou um exame com seus dados pessoais expostos. Além dos inúmeros memes na rede, alguns internautas alegaram usar os dados do Chefe do Gabinete de Segurança Institucional para assinar serviços de streaming, realizar cadastros em partidos políticos, times de futebol e até como mesário e, ainda, marcar consultas médicas.

Recentemente entrei em contato com um estudo sobre fraudes no Brasil, o Mapa da Fraude no país, e aproveito aqui para compartilhar alguns dados para uma análise conjunta. Em 2019, foram mais de R$ 3,6 mil em tentativas de fraude por minuto, e a cada R$ 100 em compras realizadas, R$3,47, em média, foram tentativas de fraudes. Nesse mesmo estudo ainda foi constatado que os crimes foram cometidos majoritariamente em dias de semana, com um ticket médio de R$ 1.000.

Porém hoje, o cenário se alterou um pouco pelo que podemos ver. O artifício que antes era a oferta de preços muito baixos ou anúncios de quantidade limitada de produtos, para incentivar a compra impulsiva e sem muita atenção do usuário, hoje se tornou a busca e a incerteza de informações de saúde.

Na República Tcheca, um hospital habilitado para testes do coronavírus sofreu um ataque de hackers e foi obrigado a interromper o funcionamento da sua rede de computadores. Nos Estados Unidos, as autoridades estão alertando a respeito de fraudes que solicitam doações para instituições de caridade falsas, desviando dinheiro para criminosos em vez de contribuir com o combate à doença. Na Itália, a população está recebendo e-mails com supostas dicas de um médico da Organização Mundial da Saúde (OMS). Se for aberto, o anexo pode instalar um vírus ladrão de senhas bancárias. Já no Japão, os e-mails fraudulentos alegam que o documento em anexo teria informações sobre os locais onde a doença está se espalhando. Caso seja aberto, o arquivo instala um vírus que rouba informações e deixa o computador vulnerável a hackers.

No Brasil o caminho não parece estar diferente, o mais famoso atualmente seria um aplicativo, Covid-19 Tracker, que, ao ser baixado, implanta um vírus que bloqueia o uso do smartphone e para o desbloqueio é exigido um pagamento de US$ 100 (cerca de R$ 500) em Bitcoin. Um outro método que tem sido utilizado por hackers é a divulgação de um mapa com informações sobre o Covid-19 em um programa de computador. O mapa é real, porém sua fonte original é no site da Universidade John Hopkins, não em um programa, não é necessário baixar nada em seu computador. Além disso, e-mails com supostas informações do vírus e sites vendendo vacinas também estão sendo utilizados como artifícios para roubar senhas dos usuários.

Todas essas notícias nos fazem reavaliar o quão vulnerável estamos, no âmbito emocional, e dos próprios dados. A cada dia temos mais sede de informações, e acabamos deixando de lado o cuidado. O que aconteceu com o General, por ora não parece tão grave, mas as consequências finais só termos como saber a longo prazo. Não precisamos passar por isso.

Abaixo tomei a liberdade de expor alguns dos procedimentos para ficarmos mais atentos e não aumentarmos esse percentual de fraudes nesse período em que nossa preocupação e incerteza já tem motivos maiores para existirem.

 

Precauções:

– No caso de compra, suspeite se o desconto for muito maior no boleto, pois dessa forma a dificuldade em contestar a compra posteriormente é maior e o dinheiro vai direto para a conta do fraudador;

– Averiguar se o site tem a sigla ‘https’ no endereço da web, sites que possuem, tem suas informações criptografadas, o que aumenta a segurança dos dados informados;

– Verificar se há um ícone com referência a um cadeado na parte inferior do navegador;

– Não revelar informações pessoais ou financeiras por e-mail e nem responder a e-mails que solicitem essas informações;

– Sobre a Covid-19: Ter cuidado ao interagir com qualquer e-mail, anexo ou link relacionado ao assunto.

– Verificar a autenticidade de uma instituição de caridade antes de realizar uma doação.

– Como uma última observação: O aplicativo oficial para acompanhar as notícias sobre o coronavírus no Brasil é o Coronavírus-SUS, e qualquer dúvida deve-se ligar para o número 136, do Disque Saúde.

 

Texto original: Mercado & Consumo

Retirado do site: CNDL